Papiloscopistas buscam maior reconhecimento da profissão

Desafio é ultrapassar barreiras de equação salarial, recurso pessoal e valorização profissional

No domingo, 5 de fevereiro, é comemorado o Dia do Papiloscopista e para falar sobre o exercício desta profissão, das dificuldades enfrentadas e da falta de reconhecimento dos profissionais da área em Roraima, o programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020 AM, recebeu o diretor do Instituto de Identificação Odílio Cruz (IIOC/RR), Amadeu Rocha Triani e a perita papiloscopista Franciana de Brito.

A papiloscopia, segundo os peritos, é uma ciência que trata de entender a identificação humana, seja pelas impressões digitais, retrato falado, quiroscopia ou impressões da palma da mão e a podoscopia, as impressões das plantas dos pés, normalmente usada com mais frequência para identificar os recém-nascidos. Dentre essas áreas, o perito papiloscopista pode trabalhar na área social, na produção do documento de registro de nascimento, na distinção de criminosos e na identificação de corpos.

De acordo com o diretor do Instituto de Identificação, Amadeu Rocha Triani, no momento, Roraima possui 14 peritos papiloscopistas, dentre eles, cinco mulheres e nove homens. O número de peritos, segundo o diretor, deve aumentar, em razão do recente investimento do Governo do Estado, que assinou o decreto de promoção dos peritos e de aquisição de equipamentos.

“Nós vamos ter que ampliar o quadro porque vai ter o Complexo de Rorainópolis, que vai ser construído e vai ser necessário para o Estado, além dos postos de identificação que vão ser criados no interior para facilitar a vida dos moradores que hoje precisam vir a Boa Vista para tirar sua identidade. Nós ficamos um bom tempo parados, sem investimento, mas agora nós conseguimos um suporte maior do Governo do Estado para o Instituto de Identificação”, avaliou o diretor.

Em relação aos equipamentos, no entanto, o diretor revelou que o Instituto segue padrões de órgãos nacionais e até mundiais. “Estão chegando novos equipamentos e nós já estamos com alguns que podem ser comparados a nível mundial. Agora, além das impressões digitais, nós vamos ter as comparações faciais. Por exemplo, com o retrato falado, em vez de gastar tempo e dinheiro investigando se poderia ser aquela pessoa. Agora basta inserir no sistema, que será responsável por localizar a pessoa cadastrada”, explicou.

O diretor informou ainda que há o projeto de um novo complexo unindo o Instituto de Identificação, Instituto Médico Legal (IML) e Instituto de Criminalística, a ser construído no bairro Jardim Floresta.

VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL – Para a perita papiloscopista, Franciana de Brito, uma das lutas enfrentada pelos servidores do Instituto é a valorização profissional. “Hoje em dia, no Brasil, a profissão de perito não é uma carreira rentável. Nós temos uma diferença muito grande em relação às demais carreiras periciais. A diferença de salários de peritos é muito grande”, revelou Franciana. Porém, a atribuição, para a perita, tem que ser realizada com muita dedicação.

“Embora sejamos poucos em Roraima, estamos sempre dispostos a fazer o melhor que podemos, seja na área criminal, na área civil, na área da necropapiloscopia, sempre à disposição de ajudar a Polícia Civil e a Justiça na resolução de crimes”, comentou.

MASSACRE NA PAMC – Em relação ao massacre ocorrido na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), os peritos foram os responsáveis por realizar a identificação dos corpos dos 33 detentos que foram mortos em janeiro na unidade em menos de 48 horas. “A rapidez da identificação dos corpos se deu pelo compromisso dos colegas peritos que, em uma sexta-feira depois do expediente, quando cada um tinha sua programação, decidiram abrir mão do seu momento de lazer. Outros servidores que estavam no período de férias, diante da gravidade e do contexto, também retornaram ao seu trabalho”, revelou Amadeu.

“Nós temos um sistema biométrico que facilita, em tese, mas foi um trabalho árduo”, avaliou. “Outra ação que colaborou para a rapidez das identificações foi a parceria com os Institutos do Amazonas e de Rondônia e com a Embaixada da Venezuela, que forneceram impressões digitais de alguns detentos que ainda faltavam ser identificados. A nossa função é pensar nos familiares que estavam ali, esperando para liberar os corpos para poder enterrar. É um momento de extremo sofrimento, então, isso envolveu todos os colegas”, finalizou o diretor. (P.C)

 

Fonte: http://www.folhabv.com.br/

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