Familiares procuram por conta própria pessoas desaparecidas

O Profissão Repórter acompanhou histórias de famílias que buscam pessoas desaparecidas. Segundo levantamento do Ministério Público, a Zona Leste de São Paulo é a região com o maior número de desaparecimentos de crianças e adolescentes na cidade. Mais de nove mil desaparecimentos foram registrados na cidade e 33% são de crianças e adolescentes.

De janeiro a agosto desse ano, 76 idosos desapareceram por mês no estado de São Paulo. Yosikasu Nishino é um deles. Ele tem 78 anos e sofre de Mal de Alzheimer. Há 28 dias saiu de casa para comprar ração para os gatos, a pé e sem documentos, e não voltou mais. “São 50 anos de casada. Eu tô com saudade, quero que ele volte. Eu tô esperando ele voltar pra casa”, afirma a esposa, Misako Nishino.

Os filhos do aposentado, Helena e Silvio, estão fazendo buscas por conta própria, imprimindo cartazes e panfletos e distribuindo pelas ruas de Suzano, na Grande São Paulo. Já foram cerca de cinco mil. “A delegacia nos informou que está muito cheio de ocorrência e que é melhor fazer pela internet. Eles ignoraram a situação”, relata Helena.

PREP desaparecidos (Foto: TV Globo)

Já José Ribamar Rodrigues saiu do interior do Maranhão para procurar o filho. Ele leva pendurado no pescoço uma placa com a foto de Cleilton e vários números de telefone: “Ele foi com uma tia passar uns dias na casa de um outro filho meu, em Guariba, no estado de São Paulo. Na hora de vir embora, ele quis ficar na intenção de trabalhar, mas dias depois ele sentiu muita saudade. Como ele tinha esquizofrenia, ele caiu numa depressão e fugiu da casa do irmão”.

A última informação sobre Cleilton é que ele passou pela Rodoviária do Tietê em 19 de março de 2016. José já recebeu diversas mensagens de todo o país com possíveis informações do filho e resolveu colocar o pé na estrada. Ele percorreu 13 estados em 11 meses e não conseguiu encontra-lo. “Depois que ele foi embora, mudou tudo. Aqui é só tristeza, ninguém tem alegria. Estamos vivendo por viver. A esperança de encontrá-lo não morre não”, lamenta o pai.

A última viagem de José foi para São Paulo, porque recebeu uma mensagem de uma mulher dizendo que viu Cleilton na Zona Leste da cidade. Acompanhe no vídeo acima as buscas desse pai por vários bairros da cidade.

José registrou 13 boletins de ocorrência, um para cada estado que procurou o filho: “Nas delegacias que fui dizem que não podem ajudar, que não podem fazer nada, que isso fica a critério do pai, porque pessoa desaparecida não é crime. Então, a Polícia Civil é para investigar e não para procurar. Ouvi muito isso”.

Encontro emocionante
Depois da exibição do programa sobre adoção tardia, Fabiana Silvia, irmã do Abraão, que até então estava desaparecida, entrou em contato com o Profissão Repórter. Ela saiu de Taubaté, interior de São Paulo, e foi até a capital reencontrar a mãe, depois de mais de 10 anos. Veja no vídeo acima esse emocionante reencontro.

Caçador de desaparecidos

PREP desaparecidos (Foto: TV Globo)

Darko Hunter trabalha na Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo procurando pessoas desaparecidas e conta com orgulho que já localizou mais de três mil pessoas. Ele é um investigador social que cruza informações do boletim de ocorrência com dados do IML, de hospitais e de centros de acolhida. Quando a pessoa não é encontrada, um sistema de alerta passa a funcionar para essa pessoa. “Eu busco uma média de seis pessoas por dia”, afirma.

O investigador acaba de achar uma pessoa desaparecida há 25 anos: José Raimundo dos Santos. O Profissão Repórter registrou o reencontro dele com as irmãs e sobrinhas, que estavam a sua procura. Confira no vídeo acima.

O direito da busca 
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, em casos de desaparecimento de pessoas, as obrigações da polícia são: registrar o boletim de ocorrência em qualquer delegacia, fazer pesquisas em bancos de dados, informar a Polícia Federal, ouvir familiares e fazer diligências em campo.

Porém, várias famílias reclamam do atendimento que recebem nas delegacias. A promotora de Justiça, Eliana Vendramine, que coordena um programa de localização de desaparecidos do Ministério Público de São Paulo, explica: “O desparecimento por si só não é crime. Não existe crime de desaparecimento. O que a gente tem são indícios do fato que é apresentado na delegacia que podem conduzir a percepção de que aquele é um crime, eventualmente de sequestro, crime de homicídio. Desde que ela não tenha indícios de que aquele desaparecimento é involuntário ou forçado, a polícia deve fazer a investigação. Quanto mais demora o boletim de ocorrência, menor a chance de salvação ou encontro”.

Assista o vídeo no link da reportagem abaixo:

 

http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2017/09/pessoas-procuram-por-conta-propria-familiares-desaparecidos.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=prep

 

Fonte: Profissão repórter

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